Por que as crianças fazem birra?

Por que as crianças fazem birra?

Boletim
21/12/2020

Por Fernanda Lee – Publicado em Dezembro de 2020

Birra é uma forma de comunicação. Apesar dela não ser bem aceita, irritar e envergonhar os pais, ela pode ser uma estratégia eficaz para as crianças conseguirem o que querem.

As crianças fazem birras como uma forma de manipular, ou porque estão cansadas, ou por não saber lidar com os impulsos e reflexos em seus corpos, que ainda estão em desenvolvimento.

 

Por que a birra se intensifica a partir dos 2 anos?

Por volta dos dois anos a crianças está desenvolvendo o domínio do corpo e do ambiente social. Ela está aprendendo a segurar e soltar, ela começa a expressar vontades próprias.

Nessa fase, ela também está desenvolvendo a autonomia e iniciativa, que são tarefas necessárias para vida. Uma coisa que precisamos aceitar é que as crianças estão aprendendo a usar o seu poder pessoal testando o ambiente: dizendo ‘não’, cruzando os braços, fazendo bico.

 

Muitos pais acham que criança tem um temperamento forte, quando na verdade a criança é como um cientista andando pela casa e experimentando vários tipos de comportamentos.

Muitos adultos também fazem birra, com o intuito de subordinar a outra pessoa a fazer o que ele quer. Levanta a voz, grita, dá um show, humilha a outra pessoa, tudo isso no esforço de que a outra pessoa se submeta às suas vontades, sem ter o trabalho de explicar ou de analisar outros pontos de vista.

O que fazer na hora da birra?

A coisa mais importante que os pais podem fazer é aprender a canalizar seu poder pessoal para uma direção positiva. Quando a criança é muito pequena, você pode tentar distração e redirecionamento (mostra um outro brinquedo, pega no colo e vai dar um passeio lá fora).

Segundo, confie que a birra é um comportamento passageiro e que a criança pode aprender sobre sua própria capacidade de superação. Ajude a nomear os sentimentos e descreva o que a criança está fazendo, como ela está se comportando (Eu vejo que você está irritado porque eu não vou te dar um biscoito antes do almoço e você está se jogando no chão e quer me chutar. Eu não aceito que você me bata e vou segurar as suas mãos.”). Para saber mais sobre o quadro de sentimentos da Disciplina Positiva, visite essa página e clique em material de apoio.

Terceiro, conforte a criança dizendo “Tudo bem ficar chateado, triste, irritado.” “Você quer um abraço?”

Não tenha medo de dizer não para o seu filho: “Eu te amo e resposta é não.” Ou “Eu sei que você está com raiva e porque não vai comer um biscoito agora.” E aproveite para você respirar.

Quarto, algumas vezes você pode ignorar a birra, caso a criança esteja segura em casa e não esteja correndo nenhum risco de vida. Simplesmente cale-se e espere o momento passar.

Quinto, num momento mais calmo você pode ajudar a criança a construir um espaço para se acalmar e crie junto com a criança.

Cantinho do pensamento versus Cantinho da Calma

É um questão conceitual e não de semântica. Criar um espaço com a criança e humilhá-la para usá-lo é tão perigoso quanto colocar a criança para pensar no que fez. Punição, não importa o tipo, geralmente desenvolve o que chamamos em Disciplina Positiva de “os 4 R da Punição“:

Ressentimento

“Isso não é justo eu não posso confiar nos adultos”

Retaliação

“Eles estão ganhando agora, mas eu vou me vingar”

Rebeldia

“Eu vou fazer exatamente o contrário para provar que eu não tenho que fazer do jeito deles”

Recuo

Dissimulado “Eu não vou ser pego na próxima vez” ou baixa autoestima “Eu sou uma criança má.”

Dá para aplicar isso em criança autistas?

Com entendimento e adaptação claro que sim. Todas as crianças estão aptas a interpretar mal suas experiências e buscar por objetivos equivocados. Adler entendeu que as tendências das crianças para tomar decisões errôneas são exacerbadas quando elas são: mimadas, negligenciadas ou tem necessidade especiais.

Crianças com deficiências podem demonstrar algum comportamento que não seja socialmente aceito, mas sim “inocente”, ou seja, relacionado à deficiência da criança. A maneira como respondemos a esse comportamento pode determinar se ele se torna ou não um comportamento de objetivos equivocado.

Diferenciar esse dois topos de comportamento (inocente e equivocado é o grande desafio para pais. )