Trauma, o que é, sintomas e cura, segundo Dr. Gabor Maté

Trauma, o que é, sintomas e cura, segundo Dr. Gabor Maté

Boletim
09/08/2021

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O que é Trauma

Os casos de depressão estão subindo, o índice de suicídio em adolescentes está crescendo, e as pessoas procuram cada vez mais uma saída provisória em bebidas, drogas e outros químicos. O assunto é sério, e também é bem relevante para a nossa atualidade. Por isso, baseado no documentário do Dr. Gabor Maté, The Wisdom of Trauma, produzimos esse conteúdo para que possamos, juntos, embarcar nessa jornada de crescimento por meio da educação.

Uma sociedade informada sobre o trauma, cura o trauma.

 

 

Quando o trauma é desencadeado, podemos regredir em estados primitivos de medo, reação agressiva, ou ficar paralisado e não ser capaz de avaliar o nível da ameaça.

 

“À medida que o trauma acontece, nossos sinais automáticos de perigo são perturbados e nós podemos nos tornar hiper ou hipoativo, ou seja, excitado ou anestesiado. ”- Bessel van der Kolk

Além dos sintomas acima, existem outros sintomas do trauma:

 

  • Incapacidade de amar, nutrir ou se relacionar com outras pessoas;
  • Medo de morrer ou ter uma vida curta;
  • Automutilação;
  • Perda de crenças espirituais/religiosas;
  • Timidez excessiva;
  • Incapacidade de assumir compromissos;
  • Fadiga crônica ou energia física muito baixa;
  • Doenças psicossomáticas: dores de cabeça, enxaquecas, problemas no pescoço e nas costas, dor crônica, asma, problemas digestivos e na pele;
  • Depressão e sentimentos de desgraça iminente;
  • Sentimentos de distanciamento, alienação e isolamento;
  • Capacidade reduzida de formular planos;
  • Reconstituição do trauma.

 

Existem alguns tipos de traumas:

– Pode ser um acidente, agressão, asfixia, guerra, quase afogamento, desastre natural, procedimento de invasão médica.

– Pode ocorrer em crianças e adultos.

– Embora o trauma emocional seja uma resposta normal a um evento perturbador, torna-se um TEPT quando seu sistema nervoso fica “preso” e você permanece em choque psicológico, incapaz de entender o que aconteceu ou processar suas emoções.

 

Algumas experiências da infância que podem levar a traumas de desenvolvimento incluem:

– Negligência;

– Trauma pré-natal ou perinatal;

– Perda de uma pessoa durante a primeira infância;

– Abuso físico, sexual ou emocional.

 

O abuso, negligência ou a perda prejudica a forma como uma criança se apega a seu cuidador e isso pode afetar a criança de duas maneiras significativas:

 

– Uma criança nasce querendo ser vista e compreendida por seu cuidador. Se isso não acontecer quando a criança for pequena, ela pode DESISTIR de todas as tentativas de se comunicar com os outros.

– O sistema nervoso de uma criança, até a idade de DOIS ANOS, não tem capacidade de se AUTORREGULAR. Ela deve contar com um cuidador para orientar ela a um estado mais calmo. Se o cuidador não puder fazer isso porque ele está muito desregulado e frequentemente com raiva, ansioso ou deprimido, então o cérebro da criança pode não se desenvolver adequadamente. Como resultado, a criança cresce com uma capacidade reduzida de controlar suas emoções e comportamentos.

 

Os cientistas descobriram que as mães que sofreram traumas na infância podem passar essa memória para um feto – exames mostraram circuitos cerebrais alterados em jovens crianças.

Todo ser humano tem um “eu” verdadeiro e autêntico. Trauma é a desconexão com ele e a cura é a reconexão com ele.” – Dr. Gabor Maté

O estudo de experiências adversas do CDC-Kaiser Permanente (ACE study) liga 10 tipos de traumas infantis com o início da doença crônica no adulto, doença mental e violência.

 

Os 10 indicadores de experiências adversas são: 

– Físico;

– Sexual;

– Abuso emocional;

– Negligência física e emocional;

– Mora com um membro da família que é viciado em álcool ou outras drogas, está deprimido, tem doença mental ou

quem está preso;

– Testemunha a mãe sofrendo abuso;

– Divórcio ou separação.

 

Para pessoas que têm quatro tipos de experiências adversas na infância (ou seja, uma pontuação ACE de 4) o risco de:

– Alcoolismo aumenta 700%;

– A tentativa de suicídio aumenta 1200%;

– Doenças cardíacas e câncer quase dobram o número.

 

Pessoas com altas pontuações ACE se casam mais vezes, têm ossos quebrados, mais depressão, mais uso de medicamentos prescritos e maior obesidade.

 

É a raiz de nossas feridas mais profundas.

 

Dr. Gabor Maté nos dá uma nova visão: uma sociedade informada sobre traumas em que pais, professores, médicos, legisladores e pessoal jurídico não estão preocupados em corrigir comportamentos, fazer diagnósticos, suprimir sintomas e julgar, mas procuram compreender as fontes a partir do qual comportamentos perturbadores e doenças surgem na alma humana ferida.

 

Técnicas usadas para a identificação e cura do trauma:

 

Experiência somática: desenvolvido pelo Dr. Peter A. Levine, resultado de um estudo multidisciplinar de fisiologia do estresse, psicologia, etologia, biologia, neurociência, práticas indígenas de cura e biofísica médica, juntamente com mais de 45 anos de aplicação clínica bem-sucedida. 

 

Modelo Relacional Neuro-afectivo (NARM): é um modelo para abordar o apego, trauma de relacionamento e de desenvolvimento, trabalhando com os padrões de apego que causam sintomas psicobiológicos ao longo da vida.

 

Dessensibilização e reprocessamento por movimentos oculares (EMDR): uma terapia estruturada que incentiva o paciente a focar brevemente na memória do trauma enquanto simula simultaneamente estimulação bilateral (tipicamente movimentos dos olhos), que está associado a uma redução na vivacidade e emoção associada às memórias do trauma.

 

Investigação compassiva: é uma abordagem psicoterapêutica desenvolvida pelo Dr. Gabor Maté que revela o que

encontra-se abaixo da aparência que apresentamos ao mundo.

 

Técnica de liberação emocional (tapping EFT): é um tratamento alternativo para dor física e sofrimento emocional. Também é conhecido como toque ou acupressão psicológica. 

 

Teoria Polivagal: pode ser integrada com outras modalidades. Ela reconhece o movimento do desligamento de luta/fuga que oferece uma possível mudança para o engajamento social quando o paciente ganha uma sensação de segurança.

 

Vamos trabalhar juntos para um mundo mais inclusivo e uma sociedade informada sobre traumas?

 

Por onde começar:

– Reconhecendo a prevalência de trauma entre todos nós;

– Aprendendo a perceber e sentir os sintomas do trauma em nós mesmos;

– Compreendendo a marca do trauma em nossos comportamentos e seu impacto em nossos relacionamentos;

– Reconhecendo a dor nos outros e entendendo como essa dor pode estar conduzindo o seu comportamento;

– Vendo a pessoa real por trás do comportamento e do trauma.

 

Lembre-se que a experiência de segurança é o início da cura <3

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